Por:
Robito Maciel
A
algum tempo em meio a uma prosa com a editora deste blog, fui
convidado a escrever umas linhas sobre tradicionalismo, e depois de
me aperar bem sobre o assunto resolvi abrir cancha pras escritas.
Mas
vou falar mais a direito o tradicionalismo hervalense, o linguajar é
comum do gaúcho e optei por escrever como diz o ditado “entre o
rude e o delicado” pra dar mais identidade ao texto.
Primeiro
me apresento e não tenho idéia de me exibir, mas tenho um currículo
tradicionalista comprido que nem conversa de gago, e aparto aqui o
mais importante, tenho 31 invernos e não vou atar as rédeas ainda,
mas desfilo no PTG Negrinho do Pastoreio a mais de 25, já dei uns
bordejos em 28 cavalgadas entre as da Semana Farroupilha e da
Integração, dancei nas invernadas do CTG Minuano de 1999 a 2010 e
quase no mesmo período fui instrutor dos grupos, Sou Peão cultura
do Rodeio internacional de Herval 2002, Peão Farroupilha do CTG
Minuano 2002, Peão Farroupilha da 21ª RT 2003, e Destaque Campeiro
do RS 2004( e digo sou porque desses anos não haverá outro),
apartir de 2005 ocupei cargos nas patronagens do CTG Minuano desde
Posteiro Artistico a Capataz, na 21ª RT fui Vice – Coordenador (
cargo que ocupo até hoje), avaliei e avalio concursos de prendas e
peões em todo estado, o que permitiu conhecer diversas culturas e
cidades do Rio Grande do Sul, e ainda proseio todas as manhãs com o
povo hervalense a 6 anos nos programas gaúchos das rádios que por
aqui tiveram, tem mais um lote de coisas mas por aqui é o
suficiente.
Bueno
mas vamos a prosa. . .
Como
disse faz um bom tempo que estou envolvido no tradicionalismo, que é
diferente do gauchismo, o tradicionalismo é o culto a tradição de
forma organizada ou regrada pra quem preferir o termo, e gauchismo é
o que se faz no campo no dia a dia, mas nem e nem outro é errado,
precisamos saber apenas o lugar de um ou de outro, e falo isso pra
refrescar a nossa idéia, por exemplo: o CTG Minuano esta as vésperas
do cinquentenário, e “no momento” não temos patronagem, me
representa que a cosa vem como cola de cavalo, vamos dar de rédeas
e voltar um pouco no tempo.
Na época da fundação (eu ainda
andava com meu pai) diz, e é verdade que os rodeios aconteciam no
terreno ao lado do CTG, pois vai que naquela época os prêmios dos
rodeios eram bastos, esporas, laços, estribos, facas ou outra coisa
de valor aproximado, e a indiada se divertia, os fandangos eram
pilchados ate os dentes a ái de quem achasse que tava mal, até duas
patronagens tinha, mas devagar nas pedras foram indo. . . o tal
rodeio de janeiro alusivo ao aniversário do município existe desde
1973, um pouco mais ou um pouco menos, e os registros orais provam
que havia um punhado de provas campeiras pra peonada e piazada, daí
a gente vem com um CTG com quase 500 sócios nos anos seguintes e ta
num jornal da época que me foi doado pelo seu Darcy Peres, e nos
anos 80 a chácara do CTG funciona bem uma barbaridade, é a diversão
da gauchada é rodeio e rodeio, os piquetes com mais gente que banco
em dia de pagar aposentadoria, em meados de 92 o Negrinho e o
Sentinela chegaram a quase 200 integrantes cada um, mas já que
falamos em piquetes aqui acho que começa a se ir a gata com a cinta,
existiam esses dois, o desgarrados, o toca do sapateiro, o tropeiros
do sul, o tropeiros da amizade, raízes do tempo, o meia rédea, e os
orelhanos, talvez alguns outros que um não se lembre, mas o agosto
levou os orelhanos, o meia rédea, o raízes do tempo e o toca do
sapateiro, e a pouco o tropeiros do sul, que e compôs e retornou pra
lida e nasceu o fronteira aberta, e já estamos nos anos 2000 o
Rodeio de Janeiro virou Rodeio Internacional de Herval é o sinuelo
da tropa, o CTG foi remodelado pois já tava a ponto de se ir ao
chão, mas isso não é culpa de um patrão ou outro, e vamos
adiante, em contradição a melhora do rodeio os outros rodeios quase
acabaram porque agora as provas campeiras se foram, segundo os
participantes “se não tem laço e premio bom nem encilho”, mas o
troço pendeu pra um lado capitalista o nosso compromisso em ser
tradicionalista ou gaúcho se foi, até laço julgado já existe, ora
me diga um capataz de estancia que encosta os tentos na cabeça de
uma res e o laço e ele diz –“para que tas laçada”- não
existe os CTGs surgiram em 47 para trazr um pouco do campo pra cidade
essa era a ideologia dos criadores de tal sociedade, mas a coisa
perdeu o rumo anda que nem pau de enchente, muda a todo momento, muda
a cancha, muda o amanho da armada a regra do “esporte” porque é
assim que chamam, o nome e por aí se vai.
Mas
to falando sobre Herval e não pensem que é critica é lembrança,
vejam os altos e baixos:
Antes
o quadro social era imenso, mas o CTG tava estruturalmente liquidado,
reformou-se o CTG e nasceu o Rodeio Internacional, mas o quadro
social caiu, o rodeio tornou-se tão difícil de manter quanto
encontrar um parto de égua a campo, mas patrões corajosos pelearam
e deram sua contribuição mantendo a festança com mais um dia ou
menos um, mas isso não vem ao caso, esta todo mundo lá. Agora vamos
a parte cabulosa da história, até o momento parece que venho
criticando o serviço dos outros, mas não, são só relatos que nos
trazem um outro tempo que tenho consciência de que não vai voltar,
mas hoje todo mundo diz – “ O CTG ta quebrado, o piquete morreu,
o rodeio era uma marcação,. . . “ mas porque ? Por que nós
abandonamos o quadro social do CTG, porque nossas mulheres e amigas
não vão aos bailes porque tem que botar vestido e nós concordamos,
mas qual de vocês leitores iria pra um baile dançar com uma mulher
de bombacha? E olhem o tempo do verbo: iria. Quem saiu dos piquetes
fomos nós porque não queríamos mais usar a roupa do piquete e quem
não vai pro rodeio somos nós porque o premio não vale a pena, mas
vamos em outra cidade e pagamos caro pela diversão sem reclamar, mas
é claro o boi manso é que quebra a porteira então é mais fácil
ser touro em seu rodeio que em rodeio alheio.
Indiada
até quando vamos cruzar os braços e ver nossa cultura terminar,
evolução e progresso não tem nada a ver com isso, vamos aguentar o
repuxo, vou dar mais um exemplo de absurdo os CTGs e MTGs surgiram no
Rio grande do Sul, hoje existem mais de 1700 entidades em todo o
mundo e no Brasil somos subordinados a CBTG que não é do RS e nem é
comandada por gaúchos, nós que deveríamos ditar as regras as
ouvimos dos outros, porque em vez de nos unirmos na peleia nos
apartamos e abraçamos um outro “ ismo” que não é
tradicionalismo nem gauchismo.
Até
as leis nos trazem de rédea curta e esporeados quando pensamos em
fazer um rodeio é mais multa e obrigação que lucro e possibilidade
e o tão culpado MTG não ganha mais nada com isso, perdeu a rédea.
Ta
na hora de salvar o que temos mas todos juntos a patronagem que
assumir o CTG Minuano, meus votos de muita força e união, tapem os
ouvidos aos comentários covardes pois não existe patrão ou
patronagem culpados de não conseguir fazer algo mas sim de nem
tentar, fica aqui neste relato minha visão sobre o ontem e o hoje e
o que acho que é o remédio, posso estar errado mas sempre escutei
quem estava aqui antes de mim alguns ainda estão pra confirmar e
completar o que digo outros se foram pra junto ao patrão maior, mas
é certo que estão mirando nossas ações e devemos continuar o
legado de quem lutou até aqui para que tivessemos uma identidade.
Robito
Maciel
Tradicionalista
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