quinta-feira, 24 de março de 2011

Tradicionalismo em Herval


Por: Robito Maciel

A algum tempo em meio a uma prosa com a editora deste blog, fui convidado a escrever umas linhas sobre tradicionalismo, e depois de me aperar bem sobre o assunto resolvi abrir cancha pras escritas.
Mas vou falar mais a direito o tradicionalismo hervalense, o linguajar é comum do gaúcho e optei por escrever como diz o ditado “entre o rude e o delicado” pra dar mais identidade ao texto.
Primeiro me apresento e não tenho idéia de me exibir, mas tenho um currículo tradicionalista comprido que nem conversa de gago, e aparto aqui o mais importante, tenho 31 invernos e não vou atar as rédeas ainda, mas desfilo no PTG Negrinho do Pastoreio a mais de 25, já dei uns bordejos em 28 cavalgadas entre as da Semana Farroupilha e da Integração, dancei nas invernadas do CTG Minuano de 1999 a 2010 e quase no mesmo período fui instrutor dos grupos, Sou Peão cultura do Rodeio internacional de Herval 2002, Peão Farroupilha do CTG Minuano 2002, Peão Farroupilha da 21ª RT 2003, e Destaque Campeiro do RS 2004( e digo sou porque desses anos não haverá outro), apartir de 2005 ocupei cargos nas patronagens do CTG Minuano desde Posteiro Artistico a Capataz, na 21ª RT fui Vice – Coordenador ( cargo que ocupo até hoje), avaliei e avalio concursos de prendas e peões em todo estado, o que permitiu conhecer diversas culturas e cidades do Rio Grande do Sul, e ainda proseio todas as manhãs com o povo hervalense a 6 anos nos programas gaúchos das rádios que por aqui tiveram, tem mais um lote de coisas mas por aqui é o suficiente.
Bueno mas vamos a prosa. . .
Como disse faz um bom tempo que estou envolvido no tradicionalismo, que é diferente do gauchismo, o tradicionalismo é o culto a tradição de forma organizada ou regrada pra quem preferir o termo, e gauchismo é o que se faz no campo no dia a dia, mas nem e nem outro é errado, precisamos saber apenas o lugar de um ou de outro, e falo isso pra refrescar a nossa idéia, por exemplo: o CTG Minuano esta as vésperas do cinquentenário, e “no momento” não temos patronagem, me representa que a cosa vem como cola de cavalo, vamos dar de rédeas e voltar um pouco no tempo.
Na época da fundação (eu ainda andava com meu pai) diz, e é verdade que os rodeios aconteciam no terreno ao lado do CTG, pois vai que naquela época os prêmios dos rodeios eram bastos, esporas, laços, estribos, facas ou outra coisa de valor aproximado, e a indiada se divertia, os fandangos eram pilchados ate os dentes a ái de quem achasse que tava mal, até duas patronagens tinha, mas devagar nas pedras foram indo. . . o tal rodeio de janeiro alusivo ao aniversário do município existe desde 1973, um pouco mais ou um pouco menos, e os registros orais provam que havia um punhado de provas campeiras pra peonada e piazada, daí a gente vem com um CTG com quase 500 sócios nos anos seguintes e ta num jornal da época que me foi doado pelo seu Darcy Peres, e nos anos 80 a chácara do CTG funciona bem uma barbaridade, é a diversão da gauchada é rodeio e rodeio, os piquetes com mais gente que banco em dia de pagar aposentadoria, em meados de 92 o Negrinho e o Sentinela chegaram a quase 200 integrantes cada um, mas já que falamos em piquetes aqui acho que começa a se ir a gata com a cinta, existiam esses dois, o desgarrados, o toca do sapateiro, o tropeiros do sul, o tropeiros da amizade, raízes do tempo, o meia rédea, e os orelhanos, talvez alguns outros que um não se lembre, mas o agosto levou os orelhanos, o meia rédea, o raízes do tempo e o toca do sapateiro, e a pouco o tropeiros do sul, que e compôs e retornou pra lida e nasceu o fronteira aberta, e já estamos nos anos 2000 o Rodeio de Janeiro virou Rodeio Internacional de Herval é o sinuelo da tropa, o CTG foi remodelado pois já tava a ponto de se ir ao chão, mas isso não é culpa de um patrão ou outro, e vamos adiante, em contradição a melhora do rodeio os outros rodeios quase acabaram porque agora as provas campeiras se foram, segundo os participantes “se não tem laço e premio bom nem encilho”, mas o troço pendeu pra um lado capitalista o nosso compromisso em ser tradicionalista ou gaúcho se foi, até laço julgado já existe, ora me diga um capataz de estancia que encosta os tentos na cabeça de uma res e o laço e ele diz –“para que tas laçada”- não existe os CTGs surgiram em 47 para trazr um pouco do campo pra cidade essa era a ideologia dos criadores de tal sociedade, mas a coisa perdeu o rumo anda que nem pau de enchente, muda a todo momento, muda a cancha, muda o amanho da armada a regra do “esporte” porque é assim que chamam, o nome e por aí se vai.
Mas to falando sobre Herval e não pensem que é critica é lembrança, vejam os altos e baixos:
Antes o quadro social era imenso, mas o CTG tava estruturalmente liquidado, reformou-se o CTG e nasceu o Rodeio Internacional, mas o quadro social caiu, o rodeio tornou-se tão difícil de manter quanto encontrar um parto de égua a campo, mas patrões corajosos pelearam e deram sua contribuição mantendo a festança com mais um dia ou menos um, mas isso não vem ao caso, esta todo mundo lá. Agora vamos a parte cabulosa da história, até o momento parece que venho criticando o serviço dos outros, mas não, são só relatos que nos trazem um outro tempo que tenho consciência de que não vai voltar, mas hoje todo mundo diz – “ O CTG ta quebrado, o piquete morreu, o rodeio era uma marcação,. . . “ mas porque ? Por que nós abandonamos o quadro social do CTG, porque nossas mulheres e amigas não vão aos bailes porque tem que botar vestido e nós concordamos, mas qual de vocês leitores iria pra um baile dançar com uma mulher de bombacha? E olhem o tempo do verbo: iria. Quem saiu dos piquetes fomos nós porque não queríamos mais usar a roupa do piquete e quem não vai pro rodeio somos nós porque o premio não vale a pena, mas vamos em outra cidade e pagamos caro pela diversão sem reclamar, mas é claro o boi manso é que quebra a porteira então é mais fácil ser touro em seu rodeio que em rodeio alheio.
Indiada até quando vamos cruzar os braços e ver nossa cultura terminar, evolução e progresso não tem nada a ver com isso, vamos aguentar o repuxo, vou dar mais um exemplo de absurdo os CTGs e MTGs surgiram no Rio grande do Sul, hoje existem mais de 1700 entidades em todo o mundo e no Brasil somos subordinados a CBTG que não é do RS e nem é comandada por gaúchos, nós que deveríamos ditar as regras as ouvimos dos outros, porque em vez de nos unirmos na peleia nos apartamos e abraçamos um outro “ ismo” que não é tradicionalismo nem gauchismo.
Até as leis nos trazem de rédea curta e esporeados quando pensamos em fazer um rodeio é mais multa e obrigação que lucro e possibilidade e o tão culpado MTG não ganha mais nada com isso, perdeu a rédea.
Ta na hora de salvar o que temos mas todos juntos a patronagem que assumir o CTG Minuano, meus votos de muita força e união, tapem os ouvidos aos comentários covardes pois não existe patrão ou patronagem culpados de não conseguir fazer algo mas sim de nem tentar, fica aqui neste relato minha visão sobre o ontem e o hoje e o que acho que é o remédio, posso estar errado mas sempre escutei quem estava aqui antes de mim alguns ainda estão pra confirmar e completar o que digo outros se foram pra junto ao patrão maior, mas é certo que estão mirando nossas ações e devemos continuar o legado de quem lutou até aqui para que tivessemos uma identidade.
Robito Maciel
Tradicionalista


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