domingo, 24 de outubro de 2010


Grupo de atuadores traz de volta às Ruas o gosto amargo da Ditadura

Grupo de 25 tuadoes veio de Porto Alegre

No final da tarde deste sábado, 23, a Rua Júlio de Castilhos serviu de palco para um grande espetáculo. Por volta das 17 horas, quem passasse ao redor da Praça podia ver dois grupos de personagens que se aproximavam cantando e dançando. De um lado, a cultura africana, trazida através de uma grande mãe, em alusão à origem materna do protagonista, de outro, o folclore italiano demonstrado em canto e dança. Os dois gruppos introduzem a origem de um grande protagonista da luta contra as ditaduras do Estado Novo e do Regime Militar: Carlos Mariguella, um mulato baiano filho de mãe africana e pai italiano.
“É no mínimo inspirador, para refletir o quanto o homem pode ser tão bonito”. Assim a atriz Tânia Farias define o Espetáculo “O amargo Santo da Purificação”. E a impressão do público não há de ser diferente. Entre alegorias, máscaras e bonecos, durante quase duas horas o grupo de atuadores Ói nóis aqui Traveiz provoca em seu público um misto de tristeza, angústia, medo, alegria e alívio. Tudo isso para mostrar um pedaço da história de nosso País que, embora recente, pouco se conhece da atuação de seus mártires. Este é mais um dos objetivos da trupe, contar esta história por um outro ângulo. “Nós não conhecemos a história. Queremos contar pelo viés dos vencidos”, resume Tânia.

O Grupo
Paulo Flores fundou o grupo há 32 anos
O grupo de atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz conta com a experiência de 32 anos de estrada e a presença de seu fundador entre os atores. Paulo Flores representa o personagem Mariguella no momento em que a Ditadura está próxima de pôr fim à sua vida.
O espetáculo apresentado neste sábado por vinte e cinco atores é uma produção coletiva, onde a criação é um processo contínuo. “Desde a origem o grupo tem uma preocupação de que o seu trabalho seja uma criação coletiva, com direção coletiva”, explica Tânia, que há quinze anos é parte do grupo. Além disso, o Teatro de Rua apresenta outro diferencial que é a ausência de um palco com limites pré-definidos, fazendo com que o público desloque o olhar o tempo todo.
Tânia explica que desde sua origem o grupo busca trazer ao público espetáculos que façam refletir sobre a realidade da sociedade. “O que interliga os temas é uma preocupação de fazer um teatro político, interessado em tratar os assuntos que tocam a vida da população e pertinentes ao homem de hoje, tocando questões de ética e liberdade”.

Veja as imagens da apresentação na Galeria de Imagens

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